sábado, 11 de fevereiro de 2012


Eu quero voltar.

Eu estava no fundo do poço e era tudo tão húmido. Às vezes sentia medo e alguma raras vezes sentia dor, mas na maioria das vezes não.
Era frio devido à solidão, era húmido devido às lágrimas.
O que às vezes me dava medo não era o escuro, eram as vozes.
O que raras vezes doeu não foi à falta de companhia, foram os cortes.
As vozes vinham de vários lugares, muitas eu conhecia e eram essas que diziam as piores coisas.
Pensei que estava louca, que a insanidade tinha tomado conta do meu ser. Aquilo estava se tornando insuportável.
Então, encontrei um objeto que me chamou muita atenção, era tão brilhante e parecia tão afiado que eu não resisti. E isso virou um ritual que se repetia todos os dias.
Toda vez que via sangue saído de mim, as vozes se calavam e eu sentia uma paz inexplicável.
No dia mais húmido de todos eu adormeci. Quando acordei estava na beira de um enorme penhasco. Lá também era frio e húmido, as vozes continuavam a falar e meu ritual se repetia.
Sempre que eu olhava para baixo sentia uma enorme vontade de pular e quando as vozes aumentavam essa vontade também aumentava, mas minha covardia me impedia de pular.
Adormeci novamente e acordei aqui.
Aqui é quente muito quente, mas ainda existe humidade, e tem muitas pessoas (pessoas até demais).
Aqui as vozes falam mais alto e com mais frequência, existe falsidade e hipocrisia e o grande fluxo de pessoas me incomoda e faz com que eu me sinta mal.
Eu quero voltar pro poço, pois sozinha era tudo muito mais fácil, apesar das vozes, do frio e da humidade eu tinha minha solução pra amenizar tudo isso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário